A taxa de suicídios no Estado de São Paulo cresceu de 4,6 por 100 mil habitantes, no período de 2007 a 2008, para 5,6 por 100 mil habitantes no biênio 2013/2014. Os dados indicam aumento de 21,7% na taxa, segundo levantamento da Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade) divulgado nesta quinta-feira, 8.
Os homens são as principais vítimas e correspondem a 80% das pessoas que se suicidaram. Mais de 70% deles tinham entre 15 e 64 anos. "Uma particularidade do Estado de São Paulo é que as vítimas estão na faixa etária mais produtiva. Em outros Estados, no Sul, atinge mais a população idosa", explica Paulo Borlina Maia, demógrafo da Fundação Seade.
Segundo Maia, o fato de o sexo masculino ter maior mortalidade acompanha a tendência internacional. "O que a literatura sugere é que as mulheres têm um comportamento diferente, com menor consumo de álcool, maior percepção de risco de depressão e de problemas de saúde mental, maior religiosidade e elas procuram ajuda em momentos de crise. Os homens têm maior impulsividade, competitividade e seriam mais sensíveis às instabilidades econômicas."
Apesar de a pesquisa apontar um aumento de suicídios no Estado, o demógrafo associa o crescimento a um aprofundamento da análise de dados, a partir de um convênio firmado entre a fundação e a Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo no ano passado. Os pesquisadores passaram a analisar os históricos de boletins de ocorrência de mortes classificadas como indeterminadas.
O número registrado em São Paulo ainda é menor do que de Estados como o Rio Grande do Sul e Santa Catarina, que têm taxa superior a 10 mortes por 100 mil habitantes. No Brasil, o indicador foi de 5,8 casos por 100 mil habitantes, também abaixo de países como a Rússia, o Japão e a Coreia do Sul, onde os índices variam de 20 a 40 mortes por 100 mil habitantes.
Prevenção. Maia diz que o perfil das pessoas que se suicidaram pode ajudar a evitar novos casos. "Verificamos que, na maioria de casos de suicídio, as testemunhas falaram que as pessoas apresentavam quadros de depressão, consumo excessivo de drogas e de álcool, histórico de desemprego, briga com parentes. Existe um certo tabu e as pessoas evitam falar sobre o assunto, mas a população precisa ter um maior esclarecimento."
O levantamento inclui os períodos do ano e da semana com mais registros de casos. Setembro, mês em que é celebrado o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio, teve mais casos, assim como os meses mais quentes do ano. Domingos e segunda-feiras também contabilizam mais registros e há mais ocorrências durante a parte da manhã, entre as 9 horas e o meio-dia.