POR Edna Alves
Às 8 horas da manhã deste dia 31 de maio era para dezenas de mulheres começarem a serem atendidas pelo programa Mulheres de Peito em Jaú. Era. Já que a carreta não vem mais à cidade, prejudicando mais de 2.000 mulheres de 30 a 80 anos que poderiam fazer o exame de mamografia de graça durante o mês de junho. Numa decisão política, a Prefeitura Municipal de Jaú pediu para cancelar a vinda do programa à cidade. Um absurdo.
Como presidente do Sindicato da Saúde de Jaú e Região (Sindicato da Saúde) só tenho a lamentar que uma questão política impeça milhares de mulheres serem examinadas para ver se têm câncer de mama. Por que o prefeito decidiu fazer isso? Ele, que dizia “amigo do peito” na última eleição, acaba de dar um tiro no peito das mulheres jauenses e da região. Só na primeira semana mais de 230 mulheres tinham agendado o exame. Esse tiro no peito vai tirar das mulheres a chance que tinham de ver se estão com câncer de mama.
O que vai ser feito agora dessas 230 mulheres? O que vai ser feito das mais de 2 mil que seriam atendidas até o fim do mês? O que tem a ver a saúde da mulher jauense com a política? Parece que o prefeito pensa mais na reeleição dele do que na saúde das mulheres da cidade. Quem governa uma cidade tem primeiro de ver a saúde da população. Só depois pensar em eleição, em política, em pedir votos.
Casos suspeitos
Em 2014, quando a carreta esteve em Jaú, relatório do Conselho Municipal de Saúde revela “que foram realizados 1.582 exames de mamografias em faixa etária de 30 a 80 anos com solicitação médica”. O relatório mostra que foram rastreados 26 casos suspeitos, sendo 3 compatíveis com câncer e 23 altamente suspeitos para câncer. Com a carreta ganhamos 30 anos de exames (30 a 80 anos), saindo do preconizado pelo governo 50 a 69 anos.
Pergunto de novo: o que tem ver o câncer de mama com a política? Falar que fazer exame na carreta-móvel contraria a lei eleitoral não combina. Essa carreta Mulheres do Peito já veio a Jaú tempos atrás, então não tem nada a ver falar que vai favorecer o político candidato. Vai favorecer isso sim a mulher que não tem condição de pagar um exame. No SUS a gente sabe que um exame dese demora meses para ser marcado.
Alternativa
Se a carreta não pode vir pra Jaú pela Prefeitura, vamos tentar trazer de outra forma. O sindicato está à disposição para tentar achar uma saída. Já falamos com dirigente de hospitais da cidade, que aceitaram ceder o estacionamento para abrigar a carreta. Vamos fazer gestões junto a vereador, deputado e governo do Estado para tentar trazer de verdade o programa Mulheres de Peito para a cidade. As mulheres são mais do que meras eleitoras. São cidadãs e merecem respeito e tratamento digno.
Edna Alves, presidente do Sindicato da Saúde de Jaú e Região