Depois de ter se complicado no pagamento do cartão de crédito e no empréstimo no banco, o baiano endividado agora já começa a também comprometer a quitação das faturas dos serviços básicos de água, luz e telefonia. É o que revela o mais recente levantamento feito pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC). Os dados mostram que o estado acompanha a tendência nordestina que apresentou, em abril, crescimento médio de 15% na inadimplência dessas contas, em relação ao mesmo período no ano passado.
É a maior alta entre os segmentos avaliados para a inadimplência, que, além das dívidas com bancos e cartões de crédito (responsáveis por 42% dos débitos), incluem os débitos dos consumidores junto ao comércio (21% do total). O que ocorre é que, embora figurem em terceiro e quarto lugares no montante das dívidas dos consumidores, os débitos com água e luz (que representam 13% do total) e comunicação (10%) são, entretanto, os que mais estão crescendo ultimamente: 15% e 9%, respectivamente.
"Trata-se de um forte indicador da gravidade da crise econômica no país, pois as pessoas já começam a não ter mais condições de pagar nem as contas de serviços essenciais para o seu dia a dia", diz o diretor de tecnologia e operações da Câmara de Dirigentes Lojistas de Salvador (CDL), Felipe Sica. As unidades do CDL em todo o país são as responsáveis pelo gerenciamento do SPC.
Os registros mais atuais do SPC apontam que atualmente existem 59,2 milhões de pessoas inscritas no SPC em todo o país, dos quais três milhões estão na Bahia. "Antes, o que se via nesse cenário de inadimplentes eram mais dívidas limitadas a bancos e, agora, as concessionárias dos serviços públicas crescem cada vez mais entre os credores", diz. O levantamento não detalha, dentre os inadimplentes baianos, quantos teriam dívidas relativas a contas de serviços básicos. Revela, entretanto, que em abril as dívidas dos baianos cresceram 8,69% em relação ao mesmo período em 2015.
Nacional
A Serasa Experian divulgou nesta segunda-feira, 16, pesquisa nacional, ainda com dados de março, mas que também constata o crescimento das contas de água, luz e gás entre as dívidas dos brasileiros: representam 17,9% do total - o maior nível já alcançado por esse tipo de despesa desde o início da pesquisa, em junho de 2014. Um ano antes, em março de 2015, o percentual era de 15,1%.
Segundo a Serasa, a inadimplência também bateu recorde no segmento de serviços: 11,4% em março deste ano. Em igual mês do ano passado, era de 11,2%. "Os mais afetados com a situação econômica atual são aqueles que vivem daquilo que recebem e não fazem nenhum tipo de reserva ou poupança financeira. Ao perderem o emprego, essas pessoas não conseguem honrar os compromissos e caem na inadimplência", diz o economista Luiz Rabi.
Fonte: Jornal A Tarde