Este foi o tema debatido no segundo dia do 1º Workshop Paulista de Organização Sindical, promovido pela Federação dos Trabalhadores da Saúde do Estado de São Paulo, debatido pelo advogado, especialista no assunto, José Roberto Sodero Victório.
Para ele, o movimento sindical teve uma recessão desde 1994, em que o sistema afastou as pessoas da organização sindical. “As pessoas ficaram mais individualistas”, diz o advogado. Após 20 anos de estabilidade econômica, a crise atual volta à cena e inviabiliza novamente a união entre os trabalhadores com seu sindicato de representação, dificultando as negociações em um dissídio coletivo.
Para que os sindicatos tenham força de negociação e para buscar resultados, segundo ele, há necessidade de o negociador estar embasado nas propostas a serem apresentadas e saber convencer de que a pauta de reivindicações dos trabalhadores tem fundamento e que todos ganham: o empresário que terá trabalhadores mais motivados e o empresário que terá um atendimento de melhor qualidade. “Os critérios para uma boa negociação têm que ser objetivos”.
Sodero alerta os sindicalistas de que, num mundo globalizado, os dirigentes sindicais têm que estar perto dos seus sindicalizados, por meio de redes sociais, têm que cadastrar todos e usar estes dispositivos para mobilizar a categoria. “Panfletos faz parte do passado, tem que atualizar”, diz ele, lembrando que se a Federação tem a intenção de unificar a pauta de reivindicações, o que, em sua opinião, é o caminho para se conseguir mais trabalhadores para lutar junto, os sindicatos têm que se unir também. “Só dá para fazer pauta unificada se vocês (sindicalistas) estiverem unificados”, afirma.
Técnicas de negociação
Paralelamente à palestra de Sodero, acontecia palestra com os diretores do Sinsaúde Campinas e Região, que se reuniram para aprender técnicas de desenvolvimento de negociação coletiva, com o consultor do Dieese, Paulo Valle.
Durante sua mostra, Valle apresentou várias formas de como os sindicalistas devem convencer o patrão para se conseguir uma boa negociação coletiva e como se deve fazer para que o empresário entenda que, mesmo em tempo de crise, há como atender ao que os trabalhadores querem e merecem.
Segundo ele, não é fácil convencer, pois todos vão usar de manobras da crise e dizer que não há como atender, mas há de ser firme e estar ciente daquilo que está se negociando. “Nada é fácil, mas se souber usar de conhecimento e técnicas de negociação, vai ajudar muito”, diz.
Diante de tudo que foi apresentado, pelo consulto do Dieese, os diretores, de uma forma geral, alegaram ter sido um aprendizado e que ajudará muito na hora de negociar a pauta de reivindicações dos trabalhadores, apesar de entender que as dificuldades estão estampadas em virtude do momento crítico pelo qual passa o país.