O fato de o trabalhador estar fora do centro do poder leva à precarização dos direitos trabalhistas, segundo Luiz Carlos Motta, que sugere atuar na conscientização dos trabalhadores sobre a necessidade eleger seus próprios representantes.
Convidado para debater o tema "Participação política da categoria da saúde nas esferas de poder de decisão no País" no 17º Encontro Paulista da Saúde, o presidente da União Geral dos Trabalhadores Paulista, Luiz Carlos Motta, disse que o trabalhador da saúde "tem de estar onde se tomam as decisões" para que possa preservar os direitos trabalhistas e tentar avançar nas conquistas.
Motta fez parte da mesa ao lado do presidente da Federação da Saúde, Edison Laércio de Oliveira, e de três sindicalistas da saúde que foram candidatos. Um deles, Luis Vergara, é vereador em Franca e foi candidato a deputado estadual com apoio da Federação em 2014. Leide Mengatti, presidente do Sinsaúde Campinas, foi candidata a vereadora. E Paulo Pimentel chegou a ser vereador e presidente da Câmara de Santos.
Também presidente da Federação dos Empregados no Comércio do Estado São Paulo e suplente de deputado federal pelo PTB, Luiz Carlos Motta sabe que não é fácil eleger representantes de trabalhadores para o Congresso Nacional. E cita números para comprovar a perda de representatividade: são apenas 51 deputados federais ligados à causa dos trabalhadores no atual mandato, ante 83 eleitos em 2010. E o que é pior, segundo ele, é o crescimento do número de parlamentares da classe empresarial.
A consequência disso são as perdas trabalhistas, como o veto ao cálculo 85/95 da aposentadoria, o avanço da terceirização no mercado de trabalho e a perda do poder dos sindicatos.
"É através da política que as coisas acontecem", afirma o sindicalista, destacando que, desde 2012, a Fecomerciários tem um projeto de eleger representantes: Corrente Comerciária. De 46 candidatos a vereador em 2012, 11 foram eleitos. A tendência é aumentar em 2016. "Hoje já temos mais de 200 políticos nessa corrente".
O modelo dos comerciários, segundo Luiz Carlos Motta, pode servir para o setor da saúde. Mas ele vai além, ressaltando que trabalha na UGT para expandir a representatividade de todas as categorias filiadas. "Temos de deixar de ser coadjuvantes na política. Vamos ser protagonistas, participar de decisões e interferir nas questões parlamentares."
Precarização - O fato de o trabalhador estar fora do centro do poder leva à precarização dos direitos trabalhistas. O caminho para que a Saúde possa ter seus representantes nas esferas municipal, estadual e nacional é promover a conscientização dos trabalhadores. "Se a gente não ocupar esse espaço, alguém vai ocupar", diz Luiz Carlos Motta, defendendo que os sindicalistas atuem na busca por candidatos afinados com a causa.
Presidente da Federação Paulista da Saúde, Edison Laércio de Oliveira, ressaltou que é preciso que a categoria coloque "gente que tem vontade de lutar e pensar nas pessoas". É preciso pensar no coletivo e "dispensar os individualistas". A Federação, em parceria com a UGT, vai trabalhar para construir candidaturas para 2016 nas cidades onde têm sindicatos filiados.