A União Geral dos Trabalhadores
(UGT) enviou ao Supremo Tribunal
Federal (STF), pedido para
ingressar como amicus curiae em
processo que julgará a
terceirização na atividade-fim.
Junto com as demais centrais
sindicais, como CUT, CTB, Força
Sindical e Nova Central, que
também entraram com a petição,
no último dia 15, a UGT pede que
antes da decisão final, as
instituições sejam ouvidas pelo
STF.
O presidente da
Federação dos Trabalhadores da
Saúde do Estado de São Paulo,
Edison Laércio de Oliveira,
explica que o termo amicus
curiae significa “amigo da
corte”. “O ingresso como amicus
curiae permite que as centrais,
que não são parte na ação,
possam participar do processo
devido ao interesse sobre o tema
e contribuições a oferecer”,
esclarece.
A medida
refere-se ao Agravo em Recurso
Extraordinário (ARE) 713211,
proposto pela empresa Cenibra. A
companhia questiona a decisão da
Justiça do Trabalho de impedir a
terceirização na atividade
principal (atividade-fim) após
denuncia, em 2001, do Sindicato
dos Trabalhadores nas Indústrias
de Extração de Madeira e Lenha
de Capelinha e Minas Gerais ser
confirmada em fiscalização do
Ministério Público. O órgão
constatou que 11 empresas do
grupo mantinham 3.700
trabalhadores em situação
considerada ilegal pela
legislação trabalhista.
Mesmo com decisões do Tribunal
Regional do Trabalho de Minas
Gerais do Trabalho favoráveis ao
sindicato e ao Ministério
Público, o STF admitiu que o
caso fosse julgado como uma ARE.
“Agora não é mais a questão
específica que está em pauta,
mas sim se a terceirização sem
limites na atividade principal
será permitida”, aponta Edison
enfatizando que a decisão irá
contribuir com os demais
julgamentos no país.
Com
o amicus curie, além de serem
ouvidas no processo, as centrais
sindicais cobram a realização de
uma audiência pública e a
liberdade de indicarem
especialista que comprovem as
consequências da contratação de
terceirizados sem qualquer
regulação. A decisão cabe agora
ao relator da matéria, o
ministro Luiz Fux.
O que
as centrais defendem
As
centrais sustentam que a
terceirização, ao contrário do
que alegam as empresas, tem como
objetivo a redução de custos em
85,6% dos casos, e não a
realização de um serviço
especializado, conforme comprova
uma pesquisa divulgada neste ano
pela própria Confederação
Nacional da Indústria (CNI).
A diminuição de custos, por
sua vez, se aplica por meio de
condições degradantes de
trabalho como a redução do nível
salarial, o aumento da jornada
de trabalho e da taxa de
rotatividade. Um levantamento do
Dieese (Departamento
Intersindical de Estatística e
Estudos Socioeconômicos),
atualizado em 2014, mostra que o
salário dos terceirizados é
24,7% menor em comparação aos
contratados direitos (média de
R$ R$ 1.776,78 contra R$
2.361,15), a jornada é superior
em, pelo menos, três horas
semanais, e o tempo no emprego
53,5% inferior (2,7 anos para os
terceirizados e 5,8 anos para os
contratados diretos).
Conforme observam as centrais, a
contratação terceirizada, que
emprega cerca de 12,7 milhões de
trabalhadores, o equivalente a
28,6% do mercado, também é um
terreno de ocorrência frequente
de calotes, especialmente ao
término do contrato,
principalmente pela ausência de
mecanismos jurídicos eficientes
para responsabilizar a empresa
ou ente público que se beneficia
desse modelo de contratação.
Além de setor onde ocorrem
os maiores índices de acidentes
e mortes por conta de
treinamento inexistente ou
insuficiente e gestão menos
rigorosa da saúde e segurança no
trabalho.
Dados obtidos a
partir do total de ações do
Departamento de Erradicação do
Trabalho Escravo (Detrae) do
Ministério do Trabalho e Emprego
apontam ainda que, dos 10
maiores resgates de
trabalhadores submetidos a
condições análogas à escravidão
nos últimos quatro anos, 90%
eram terceirizados.
Por
fim, as centrais alertam que o
processo de terceirização, já no
estágio atual, pulveriza o
sistema sindical e, dessa forma,
interfere na capacidade de
negociações coletivas e no
sistema de representação dos
trabalhadores.
Com
informações de Luiz Carvalho da
CUT