FONTE: COMÉRCIO DO JAHU
O Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp) divulgou nesta semana estudo sobre os serviços de urgência e emergência no Estado. O levantamento foi realizado em 71 prontos-socorros (PSs), entre eles a Santa Casa de Jaú.
De acordo com o Cremesp, há falhas graves no PS da Santa Casa, como falta de estrutura, de material e de equipe médica. A pesquisa foi realizada de fevereiro a abril deste ano, levando em conta os principais PSs cadastrados no Sistema Único de Saúde (SUS).
A reportagem entrou em contato com o provedor da Santa Casa de Jaú, Alcides Bernardi Júnior, que informou que o hospital recebeu visita do Cremesp há alguns meses, mas não obteve nenhuma notificação do órgão. Segundo Bernardi Júnior, a Santa Casa não obteve o estudo em mãos para tomar conhecimento do assunto.
No PS de Jaú, o Cremesp constatou macas com pessoas nos corredores, dificuldade em encaminhar pacientes para outros serviços, falta de chefia de plantão e de médicos diaristas, ausência de pelo menos um material classificado como permanente crítico e salas de emergência inadequadas (veja quadro).
O estudo ainda considerou em outras unidades do Estado equipe médica incompleta, falta de triagem com classificação de risco e carência de Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) no PS ou referenciadas. Estas falhas, no entanto, não foram encontradas na urgência e na emergência da Santa Casa de Jaú.
Leitos
O secretário de Saúde de Jaú, Gilson Scatimburgo, ressalta que a quantidade insuficiente de leitos é responsável por falhas como as macas nos corredores. “O Ministério da Saúde precisa autorizar abertura de mais leitos em Jaú, pois com mais leitos conveniados, o atendimento seria suficiente”, informa.
Em março deste ano, a Santa Casa inaugurou nova ala de leitos da UTI adulto, além de reformas do centro obstétrico, dos quartos do segundo andar cirúrgico e do setor de fisioterapia. Os leitos, no entanto, ainda não foram liberados para uso pelo Ministério da Saúde.
De acordo com o secretário, a estrutura do PS da Santa Casa não tem falhas, pois a deficiência está no sistema de saúde. Para ele, o fechamento do pronto-socorro municipal, na gestão passada, também contribui para agravar o quadro.
A partir de 1º de julho, a Prefeitura reativará o pronto-socorro municipal, no antigo Hospital São Judas, e a Santa Casa ficará restrita ao atendimento de urgência e emergência. “Com isso, haverá a possibilidade de aliviar o volume de atendimentos. O fechamento do pronto-socorro municipal foi, com certeza, causa de sobrecarga no hospital”, relata Scatimburgo. (Flaviana de Freitas)
Cremesp: relatório
Para o presidente do Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp), Renato Azevedo Júnior, as conclusões do levantamento revelam falhas que colocam a população em risco e não oferecem aos médicos condições mínimas e adequadas de trabalho.
“Esse cenário é decorrente da falta de políticas públicas de saúde eficientes dos governos federal, estadual e municipal, do subfinanciamento do SUS e da escassez de recursos humanos, que está relacionada às condições precárias de trabalho e à ausência de plano de carreira do Estado”, comenta Azevedo.
O presidente ressalta que os resultados serão agora encaminhados ao Ministério da Saúde, à Secretaria de Estado da Saúde e às secretarias municipais das cidades que fizeram parte da pesquisa.
“O Cremesp cumpriu sua função de fiscalização, mostrando a realidade dos serviços. Cabe agora às autoridades competentes encontrar solução para os problemas que estamos apontando”, afirma.