Edison Laércio de Oliveira*
O mundo do trabalho não é mais como na época dos nossos pais e avós. A revolução industrial trouxe uma nova realidade para o Brasil e para o mundo. O homem saiu do campo e foi para as grandes cidades em busca do novo e das vantagens que esta revolução oferecia. Os operários, do início do século 20, não possuíam quase nenhum benefício trabalhista. Cinco décadas mais tarde somavam vantagens que iam desde a segurança no emprego até a conquista de assistência à saúde e oportunidades de educação e formação profissional. E os sindicatos, formados por grandes líderes trabalhistas, tornaram-se forças políticas importantes em todo o mundo.
Começa aí, a partir do fim da 2ª Guerra Mundial, a se desenhar uma nova era, a da informação e do conhecimento. Para estudiosos, como o sociólogo americano Daniel Bell, esta nova revolução social fica claramente demarcada uma década depois, em 1956, quando em seu país já era maior o número de trabalhadores profissionalizados do que aqueles que atuavam no setor operacional.
No Brasil, este processo acontece um pouco mais tarde, resultado de décadas de uma ditadura militar (1965-1985), cuja repressão só começa a ser quebrada na década de 70, com a maior organização do movimento sindical. No final do século 20, o movimento, chamado de globalização, abre as fronteiras econômica, social, cultural e política do mundo. Sua aceleração contribuiu para as novas transformações observadas no âmbito dos avanços econômicos e tecnológicos. E onde estão as lideranças sindicais? Qual é o papel que vêm desempenhando neste processo? Conseguiram, seus líderes, acompanhar a evolução dos tempos?
Podemos observar que a grande maioria tem dificuldades para definir o papel que deve ser desempenhado por aqueles que respondem pelas categorias de trabalhadores, que se mostram ávidos por benefícios reais em seus setores. A era do conhecimento deu a eles a oportunidade de conhecer a realidade de outros países, seja pelos meios digitais, amplamente difundidos na atualidade, ou pelas oportunidades, cada vez maiores, de viajar e conhecer outras pessoas e lugares diferentes.
As lideranças sindicais têm a obrigação de acompanhar este avanço e estar em consonância com os anseios das categorias que representam. Mais do que responder apenas por direitos trabalhistas, precisam avançar na criação de mais oportunidades de educação para seus representados e de maior influência nas respectivas áreas de atuação.
Os trabalhadores deixaram de ser meros prestadores de serviço. O século 21, iniciado em janeiro de 2001, traz um trabalhador com um novo perfil, mais moderno e melhor informado. Suas lideranças devem acompanhar esta evolução.
* Edison Laércio de Oliveira é presidente da Federação da Saúde do Estado de São Paulo e do Sindicato da Saúde Campinas e Região