(Nem mesmo o pessoal da saúde escapa da dengue. A notícia não fala, mas no Hospital Amaral Carvalho pode ser mais de 200 funcionários com dengue)
Funcionários da saúde pública em Jaú (SP) também estão sendo atingidos pela dengue, que já deixou mais de três mil pessoas infectadas na cidade e provocou sete mortes. Até nesta segunda-feira (5), 85 funcionários da Santa Casa, entre eles, 25 médicos, foram diagnosticados com a doença. O hospital é referência para 12 municípios da região.
“Não só enfermeiros, profissionais de todo hospital, como médicos também. Temos mais de 25 médicos com dengue e, alguns casos hemorrágicos. Alguns colegas que passaram apertados. Isso pegou todas as classes sociais. Imagino as fábricas, os hospitais que necessitam e têm dificuldades formar escalas de plantão. Aqui na Santa Casa são 85 funcionários nesses últimos três meses que se afastaram por causa dessa doença”, afirmou o coordenador do pronto-socorro da Santa Casa de Jaú, João Carlos Miranda de Almeida Prado.
Ele ressaltou ainda a situação na cidade com a epidemia de dengue. “As viroses todas não há remédios, não há antibióticos para a virose. Geralmente o tratamento é sintomático, a não ser quando há a dengue hemorrágica, que exige outros tratamentos, inclusive associados à hemoterapia. Não vi nesses anos nada parecido. A dengue marcou a nossa cidade, entristece a gente ver essa situação de Jaú, que vive hoje uma verdadeira epidemia de dengue, que conturbou o atendimento da saúde de um modo em geral."
Em tempos normais, o pronto-socorro da Santa Casa atendia 350 pessoas por dia. Com a epidemia, quase 500 pacientes têm procurado por atendimento diariamente. Os atestados médicos para os pacientes com dengue têm variado de quatro a sete dias. Tempo para que o diagnóstico da doença seja dado e o tratamento iniciado.
A epidemia que preocupa a população e gera filas para atendimento nos hospitais tem outras consequências. No comércio e nas indústrias da cidade, não para de crescer numero de funcionários que precisam se afastar do serviço porque contraíram dengue.
Fora da unidade de saúde, há muitos exemplos de pessoas que contraíram dengue. Entre eles, o da revisora Alia Viviane Gigliotii, que precisou ficar 15 dias afastada do trabalho em uma fábrica de calçados. “Fiquei de cama quatro dias que não consegui levantar. É horrível. Você quer trabalhar. Ficar em casa 15 dias doente ninguém quer”, disse. Pedro César Bregantin foi outro funcionário que também não escapou da dengue e teve que faltar ao serviço. “Tirando eu mais quatro pessoas da minha família, que tiveram que ficar em casa na cama porque não conseguia nem levantar”, contou.
Com a ausência dos funcionários, um dos donos da fábrica teve que ir para linha de montagem, já que a produção poderia ser afetada. “Na ausência de um funcionário que seja, a esteira não tem condições de rodar, de dar a produção estabelecida. Nesses períodos, eu e meu sócio precisamos ir a linha de produção, assumir o posto”, enfatizou o comerciante, Valdir Donizete Dalpino.
Em um supermercado, a dengue afastou seis funcionários do serviço nos últimos dois meses. “Sempre trabalhei e nunca tive problema nenhum. Foi difícil, apesar da preocupação com a dengue e também o problema de estar afastado do trabalho”, lembrou a fiscal de caixa, Mariangela Aparecida Pataro.
Por causa dos atestados médicos, a empresa teve que cortar folgas e aumentar as horas extras dos outros trabalhadores. “No caso da dengue tem que ficar muitos dias afastados. Seis, oito dias, dez, doze, então, isso preocupa muito. Tivemos que fazer um remanejamento de funcionários para colocar no setor e poder atender esse consumidor nosso”, afirmou o gerente do supermercado, Emílio José Peti.