A crise financeira das Santas Casas há muito tempo se arrasta como um doente em seu leito de morte, mantido vivo à força de aparelhos.
Em apenas sete anos, essas instituições filantrópicas acumularam uma dívida com bancos, tributos, despesas trabalhistas, entre outros, de R$ 11 bilhões. Pulou de R$ 1,8 bilhão em 2005 para R$ 11 bilhões em 2012. E a cada ano fica pior.
Cerca de 2.100 estabelecimentos acumulam juntos mais de 155 mil leitos, o que significa 31% do disponível em nível nacional e são responsáveis por mais da metade do atendimento feito pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Isto explica o porquê de o governo, vira e mexe, acha um jeito de socorrer estes estabelecimentos. Manter as instituições de pé é uma questão de sobrevivência do setor que poderia entrar em colapso sem esta mão de obra.
Mesmo com toda ajuda, a crise já levou ao fechamento muitas unidades, além das que agonizam na UTI. Tudo porque adotam um modelo de gestão falido, que precisa deixar de existir. E é esta situação que leva a um tratamento desigual dos trabalhadores que atuam em Santas Casas. Fora os baixos salários e as péssimas condições de trabalho em muitas destas instituições, nunca se sabe se o salário será ou não creditado. Mais de 80% delas acumulam pesadas dívidas trabalhistas.
É preciso acabar com o estereótipo de que as Santas Casas foram criadas unicamente para o trabalho filantrópico. Isto não existe mais. É preciso mudar e profissionalizar para sobreviver. Mas para que haja um processo sólido de recuperação é necessário ouvir e ter a participação dos trabalhadores que conhecem esta realidade. É ainda necessário ter regras, dentre elas a de respeito aos direitos dos trabalhadores e investimento na qualidade da mão de obra. Quais são os caminhos para a cura deste doente é o nosso maior desafio. E para isto estamos aqui.
Edison Laércio de Oliveira
Presidente do Sinsaúde Campinas e Região e
da Federação dos Trabalhadores da Saúde do Estado de São Paulo